
Tudo isto para satisfazer o objetivo de envolver o espectador no estado de espírito da personagem, não se distraindo com a sua aparência. Grosso modo, ao espectador não cabe o papel de juiz do que se desenrola diante dos seus olhos, mas sim o de simples testemunha de qualquer processo. Citando o diretor: “não se trata de dirigir alguém, mas de dirigir a si mesmo. Nada de atores. (Nada de direção de atores). Nada de papéis. (Nada de estudo de papéis). Nada de encenação. Mas a utilização de modelos, encontrados na vida. SER (modelos) em vez de PARECER (atores)”.
“Pickpocket” impressiona, com uma edição ao mesmo tempo ágil mas quase invisível, alternando a imobilidade e o movimento com grande destreza. As atuações estão praticamente omissas, mesmo assim transpõem enorme simpatia e cumplicidade ao espectador apenas com o olhar e as falas provando a qualidade do diretor. Mas, se por um lado as expressões e ações são tão contidas, um elemento se desprende do resto e parece assumir vida própria, que são as mãos. Tão presentes quanto os rostos, senão mais, as mãos estão sempre à fazer algo, por mais detalhado que seja, com destaque (é claro) para as cenas de furto.
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