
O filme em sua essência é bem simples, apenas uma câmera estática. Os depoimentos são relativamente semelhantes – Perdas, Traições, depressão etc. O trunfo do filme é descoberto quando notamos a presença de atrizes famosas (Marília Pêra, Andréa Beltrão, Fernanda Torres e Mary Sheila) em algumas cenas. Alternando depoimentos reais com reencenações. O diretor joga o espectador num exercício de dúvida permanente. Eventualmente, as atrizes também são estimuladas a contar passagens de sua própria vida, contribuindo para uma maior semelhança entre o real e o fictício. As surpresas são freqüentes, a instabilidade é constante.
O diretor conseguiu criar um filme diferenciado, no qual documentário e ficção se misturam a todo momento. A habilidade de Eduardo Coutinho em entrevistar faz com que as mulheres se sintam a vontade frente às câmeras e assim ele consegue extrair o melhor de cada uma. O filme acaba sendo prejudicado pelo excesso de “personagens”. Nem todas as histórias ali retratadas são interessantes. Uma edição mais “enxuta” faria bem ao filme pois assim não perderia sua força em nenhum momento.
Jogo de Cena é um bom filme. E suas maiores qualidades vêm do que não é visto, ou seja, do conceito, do que não está em cena.
