quarta-feira, 19 de setembro de 2007
quarta-feira, 12 de setembro de 2007
Amilcar de Castro

No Brasil, início da década de 50, o concretismo era o estilo predominante, juntamente com ele vinha um falta de lirismo e abstração, uma sobriedade e preocupação estética ligada ao real e a forma, que por vezes punia uma expressão maior do artista. No Rio de Janeiro surge um grupo que procurava novos caminhos dizendo que a arte não é um mero objeto: tem sensibilidade, expressividade, subjetividade, indo muito além do mero geometrismo puro; os Neoconcretistas. Um dos principais membros desse grupo foi o artista plástico mineiro Amilcar de Castro.
Amilcar tem seu nome marcado na história do Jornalismo brasileiro por ter sido responsável pela modificação da diagramação e design do Jornal do Brasil, principal publicação do país na época. Esse novo formato tornou muito mais prazerosa a leitura do jornal. Embora o JB tenha mudado seu formato, muitas publicações utilizam diagramações parecidas com a idealizada por Amilcar de Castro.
A reforma teve como base a utilização dos contrastes entre os elementos verticais e horizontais para orientar o leitor por uma página mais funcional e atraente. A tipografia diversifica-se em tamanhos e pesos, facilitando a hierarquização do conteúdo editorial. A fotografia, amplamente utilizada, alia-se às novas técnicas de edição jornalística, oferecendo ao leitor uma síntese visual da notícia. Inspirado pelo concretismo, Amilcar abusa do branco do papel, abrindo maior espaço entre as colunas e eliminando os fios que antes as dividiam. Os classificados, que tradicionalmente ocupavam toda a primeira página, foram parcialmente mantidos, num formato em “L”, à esquerda do layout.
O multifacetado artista é talvez o único no mundo em que sua obra é apreciada por milhares diariamente, mesmo que inconscientemente. Toda vez que alguém para em uma banca e passa os olhos por um jornal ela se depara com a realização de Amilcar. Creio que ele nunca imaginou que de forma tão sutil, ao contrário de suas marcantes e imponentes esculturas estaria ligado ao dia-a-dia do brasileiro.